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JOEL
Pr.
João Ricardo Ferreira de França*
I – QUESTÕES INTRODUTÓRIAS
O nome deste profeta na língua original é “יוֹאֵ֖ל (yoe’l)” cujo sentido é “eu sou
Deus”[1] ou
“Yahweh é Deus” temos poucas informações sobre ele. Somos informados que o nome
de seu pai é “פְּתוּאֵֽל (pethuel)” nome que tem o sentido de “persuadido por Deus”[2] (Joel
1.1). Ele morou e profetizou para Judá (Reino do Sul). Alguns comentaristas
sugerem que ele tenha sido sacerdote ou que tinha “um vínculo oficial com o
templo”[3]Isto
porque no seu livro há muitas referências ao “ofício Sacerdotal”[4]
O erudito Judeu Ibn Ezra
“considerava impossível saber quando foi escrita esta obra”[5] Calvino
é de opinião similar ao declarar que “o tempo no qual ele [Joel] profetizou é
incerto”[6] outro
escritor informa que “as datas propostas para o ministério de Joel e para a
redação de seu livro variam desde o início do nono século a.C.”[7] As datas
para a escrita do livro variam de 830 a.C até 325 a.C. E o período adequado
para situar a profecia é no reinado de Joás.[8]
A terceira verdade a ser estudada é a questão “qual é
a finalidade da profecia de Joel?”
resposta “advertir a nação sobre a necessidade de humildade e
arrependimento, bem como sobre a certeza do julgamento vindouro.”[9]
II – O CONTEXTO DE JOEL
Vimos no estudo sobre Oséias que
Samaria / Efraim (reino do Norte) havia se corrompido com a idolatria aos
bezerros de outros[10] e que
Judá ainda mantinha fidelidade na adoração a Yahweh; entretanto, Judá caiu no
mesmo pecado que Samaria. Como isso ocorreu? Existiu um rei em Judá cujo nome
era Acazias considerado um total fracasso político e religioso (2º Crônicas
22.1-2) sua mãe chamava-se Atalia que era uma nortista (do reino do Norte) idólatra
e orientara o Rei Acazias para o mal (22.3).[11] Acazias
em uma aliança desesperada com o Norte decide ir à guerra contra a Síria o
cronista informa que esta era a “vontade de Deus” (2º Crônicas 22.7), mas o Rei
acabou morto e não deixou descendente para ascender ao trono. Sua mãe de modo
maquiavélico aniquilou toda extirpe real de Judá (2º Crônicas 22.10) e assim,
ela usurpou o trono de Judá (2º Crônicas 22.12).
Na matança que a mãe de Acazias
havia promovido em Judá a filha do rei Jeosabeate esposa do sacerdote Jeoiada
salvou a vida de um bebê chamado Joás. (2º Crônicas 22.11).
O golpe de estado fez com que uma nortista (do reino
do norte) reinasse sobre Judá (reino do sul), e uma situação irônica uma mulher
se sentou no trono de Jerusalém, e não era da descendência de Davi.
O reinado de Atalia durou sete anos
(2º Crônicas 23.1) e o menino Joás passou a reinar com sete anos, mas claro que
ele não reinava e sim o sacerdote Jeoiada e quando este morreu foi sepultado
como um rei (2º Crônicas 24.16), mas lamentavelmente, após a morte de Jeoiada,
os príncipes de Judá, já infectados pelo mal da idolatria, levaram o rei Joás
para a idolatria. (2º Crônicas 24.17,18).
Somos
informados pelo redator do livro de Reis que Joás era um bom rei, enquanto o
sacerdote estava vivo, entretanto, ele não conseguira remover completamente a
idolatria da nação (2º Reis 12.1-3), mas acabou sendo assassinado pelos seus
servos (2º Reis 12.20,21). E foi um homem que não inspirou seus súditos a
tributar-lhe honra, pois não foi sepultado como rei (2º Crônicas 24.25).
Lembremos que Joás de maneira maquiavélica mandara matar Zacarias, filho do
sacerdote Jeoiada, a quem o rei devia muito do que possuía. (2º Crônicas 24.20-22).
O reino do Sul estava enfrentando
uma grande crise econômica devido a dois grandes problemas: a seca e a praga de
gafanhotos. A seca é descrita no capítulo 1.20 e a praga dos gafanhotos apresentada
no capítulo 1.4, para aquela comunidade que vivia da agricultura e da criação
de ovelhas e gados, era sinal de uma grande calamidade.
A praga de gafanhotos é bastante
discutida pelos eruditos em Antigo Testamento, isto porque parece que o
capítulo 1.4 indica que foi algo incomum, diante deste fato surgiram uma
variação de interpretação para o fenômeno entre os hermeneutas da profecia de
Joel um comentarista sobre os livros proféticos aborda este tema tecendo os
seguintes comentários:
Qual é a interpretação do gafanhoto, em 2.1-11? Três
interpretações são oferecidas: (1) a interpretação alegórica – conforme
esta ideia, os gafanhotos se referem a exércitos inimigos que constantemente
invadiam Judá para despojá-lo de seus bens; (2) A interpretação apocalíptica
– segundo esta, os gafanhotos simbolizavam os exércitos terrenos que
lutarão na última batalha, como se vê em Apocalipse 9 (3) A interpretação
atual ou histórica – segundo ela, os gafanhotos foram reais, literais, Joel
os viu descer numa nuvem sobre a vegetação da terra para devorá-la. Sem dúvidas
esta interpretação é a mais correta e satisfatória.[12]
Houve uma grande seca aponto da vegetação que estava
seca arder em fogo (Joel 1.19-20). E o resultado disso era a grande fome
reinando em Judá. (Joel 1.10-12, 17). Entretanto, estes dois eventos
calamitosos foram resultados da desobediência à Lei de Deus; pois, Yahweh já
havia pronunciado antes um juízo dessa natureza àqueles que abandonam seus
mandamentos e estatutos (Deuteronômio 28.15,23-24). O pastor Isaltino nos
lembra que “a idolatria de tantos anos e que recebeu estímulos de Joás, recebia
sua paga”[13]
O profeta Joel via nessas ações ecológicas a ação de
Deus produzindo a escassez sobre a nação. Deus não tolera o pecado do seu povo
e age contra o mal da idolatria reinando em Judá. Isso revela-nos que Deus é
Senhor de todas as esferas da existência humana.[14]
* O autor
deste estudo é Ministro da Palavra pela Igreja Presbiteriana do Brasil. Formado
em Teologia Reformada pelo Seminário Presbiteriano do Norte (SPN) em Recife –
PE.
[1] FILHO, Isaltino Gomes
Coelho. Os Profetas Menores I – Oséias, Joel, Amós, Obadias e Jonas. Rio
de Janeiro: JUERP, 2009, p.57.
[2] Idem
[3] HUBBARD, David Allan . Joel e Amós : introdução e
comentário, Tradução: Márcio Loureiro Redondo. São Paulo: Edições Vida
Nova, 1996, p.32
[4] FILHO, Isaltino Gomes
Coelho. Os Profetas Menores I – Oséias, Joel, Amós, Obadias e Jonas. Rio
de Janeiro: JUERP, 2009, p.57.
[5] SCHOKEL, Luis Alonso.; DIAZ, J. L. SICRE, Profetas
- Introducciones y comentario, Volume II Madrid: Ediciones Cristiandad,
1980, p. 924
[6] CALVINO, João. Joel. Tradução: Vanderson Moura
da Silva, Brasília: Editora Monergismo, 2008, p.13
[7] HUBBARD, David Allan . Joel e Amós : introdução e
comentário, Tradução: Márcio Loureiro Redondo. São Paulo: Edições Vida
Nova, 1996, p.27.
[8] KAISER, JR, Walter C. O plano da promessa de Deus :
teologia bíblica do Antigo e Novo Testamentos. Tradução: Gordon Chown, A.
G. Mendes, São Paulo: Vida Nova, 2011,
p.167
[9] YOUNG, Edward J. Introdução ao Antigo Testamento. São
Paulo: Vida Nova, 1964, P. 220.
[10]
Para ter acesso a este estudo solicite uma cópia via: joaoricardoferreiradefranca@hotmail.com
[11]
Veja-se FILHO, Isaltino Gomes Coelho. Os Profetas Menores I – Oséias,
Joel, Amós, Obadias e Jonas. Rio de Janeiro: JUERP, 2009, p.58-59
[12]
YATES, Kyle. Predicando de los Libros Proféticos. El Paso: Casa Bautista
de Publicaciones, 1964, p.276.
[13]
FILHO, Isaltino Gomes Coelho. Os Profetas Menores I – Oséias,
Joel, Amós, Obadias e Jonas. Rio de Janeiro: JUERP, 2009, p.58-59
[14] idem
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