domingo, 31 de maio de 2015

1ª Coríntios 1.26-31

Exposição Bíblica:
Pr. João Ricardo Ferreira de França.
Texto: 1ª Coríntios 1.26-31
26 Irmãos, reparai, pois, na vossa vocação; visto que não foram chamados muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos de nobre nascimento;
 27 pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes;
 28 e Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são;
 29 a fim de que ninguém se vanglorie na presença de Deus.
 30 Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção,
 31 para que, como está escrito: Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor.
 (1Co 1:26-31 ARA)
Introdução:
            No último encontro com o apóstolo Paulo, vimos como os homens ignorantes procuram desprezar a Cruz como canal de obra redentora de Deus. O apóstolo nos apresentara que a cruz aponta para o juízo de Deus sobre aqueles que pelo orgulho desprezavam a mensagem da cruz; entretanto, este mesmo emblema traz redenção aos que se aproximam de Cristo para a salvação; pois, esta mensagem transmite a sabedoria divina e não faz acepção de pessoas.
            Entretanto, agora Paulo procura mostrar quão insignificantes são  aqueles que desprezam a mensagem poderosa da Cruz. Pois, a vocação dos eleitos e a relação deles com Cristo notifica a obra de redenção trazida pela pregação da cruz.
I – A DOUTRINA DA VOCAÇÃO CONSIDERADA (vs.26-27)
         26 Irmãos, reparai, pois, na vossa vocação; visto que não foram chamados muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos de nobre nascimento; 27 pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes;

O apóstolo Paulo agora leva em consideração o fato de que aqueles crentes estavam desprezando a Cruz de Cristo, o instrumento que Deus usara para chamá-los à comunhão com o Seu Filho. Pois, muitos se achavam dignos por terem um nobre nascimento, então, Paulo diz: “prestem atenção porque Deus expôs a sabedoria  e a nobreza de nascimento à humilhação”.
A doutrina da vocação chama o “tolo” e o “pobre” para abater a arrogância dos homens que acham que por possuírem uma boa reputação deverão ser salvos. Não, a graça de Deus não se deixa iludir pelos títulos, pelo sangue, pela cor da pele; ela simplesmente escolhe, predestina – em outras palavras, a graça resgata o pecador em Cristo Jesus.
Um alerta cabe aqui, não é que Paulo está ensinando a salvação apenas para os pobres e necessitados, mas ele assegura que “não foram muitos chamados nesta condição”; aprendemos aqui a doutrina da vocação chama tanto o rico quanto o pobre; quanto o sábio como o tolo – quanto a isso não há distinção. Deus chama seus eleitos e o faz de modo soberano sem olhar a posição social ou mesmo a conta bancária deles.
O objetivo de Deus, segundo o ensino de Paulo, é que Deus pretende humilhar o orgulho dos homens! Quebrar sua soberba  e mostrar que tudo, em termos de redenção, se deve unicamente ao seu chamado paternal.
II – QUEM SOMOS NÓS DIANTE  DA VOCAÇÃO? (vs.28):
e Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são;

            Quando entendemos que Deus nos escolheu tendemos a pensar mais do que devíamos de nós; achamos que somos melhores que as outras pessoas, isto porque fomos chamados, fomos eleitos por Deus; algumas coisas são importantes aqui:
2.1 – É Deus que escolhe: Não nos escolhemos a nós mesmo para a obra da redenção; não é uma questão de livre-arbítrio, antes de tudo, é uma escolha da vontade de Deus.
2.2 – Diante da vocação de Deus não somos nada: Deus nos escolhe não porque somos importantes, ou porque temos boa aparência, ou porque temos um coração bom. Diante da escolha de Deus o que há em nós? Nada! Somente pecado e depravação. Nós éramos nada antes de sermos chamados pela graça de Deus. E, com essa escolha Deus reduz a nada aqueles que acham que são alguma coisa diante dEle.
III – O PROPÓSITO DA VOCAÇÃO (vs. 29)
          29 a fim de que ninguém se vanglorie na presença de Deus. 
A terceira verdade importante que vemos aqui é o fato de que a vocação tem propósitos específicos; que leva a Igreja a glorificar mais a Deus a exaltar sua graça e sua obra redentora em favor dos pecadores, pois, estes pecadores são alvos deste chamado soberano e eficaz. Mas qual é o propósito da vocação?
3.1 – Provocar Humildade na vida cristã:
            Paulo assegura que alvo da obra vocacional de Deus na vida do eleito é para que ele não se ensoberbeça diante de Deus: ou seja, ela visa provocar na vida dos eleitos a humildade que é a característica do crente, ter um coração humilde é compreender o chamado eficaz.
            Nenhum homem ou mulher deve se arrogar de ter sido transformado em crente; de ter sido regenerado, pois, tudo isso deveria provocar em nós uma profunda humildade, pois é tolice nos orgulhamos de uma obra que não realizamos! É tolice dizer que somos crentes porque fizemos o melhor! Antes devemos humildemente reconhecer a nossa incapacidade de operar a nossa redenção.
3.1 – Provocar em nós o desejo de glorificara a Deus:
            Uma vez que a vocação nos ensina que nos temos como nos vangloriar na presença de Deus; o sentido ao inverso é que devemos viver uma vida que glorifica a Deus como vocacionados que somos! Deus nos chamou para a sua glória, então, em vez de sermos pessoas orgulhosas, devemos glorificar aquele que nos transformou a vida! Devemos glorificar a Deus!
IV -  SOMOS PROPRIEDADES DO SENHOR NA VOCAÇÃO. (vs.30-31)
30 Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção, 31 para que, como está escrito: Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor.
                Uma vez que  eles pertencem a Deus, por intermédio de Cristo Jesus,  não existe espaço para soberbas, não há espaço para o orgulho. Pois, é em Cristo que toda a sabedoria de Deus está revelada; não devemos buscar a sabedoria em outro lugar, apenas na pessoa de nosso bendito redentor Jesus Cristo.
            Ao dizer que Cristo é nossa sabedoria, Paulo quer nos dizer que nEle no Senhor Jesus temos toda sabedoria que carecemos e precisamos; ao dizer , ao dizer que Cristo é nossa justiça, o apóstolo está nos assegurando que temos livre acesso ao Pai; porque os nossos pecados foram expiados por Cristo no calvário.
            A terceira verdade  bíblica que apóstolo ensina é que Cristo “é nossa santificação”; ao declarar, isso ele pretende aclarar as nossas mentes que em nós há somente pecados somos poluídos em nossa natureza pecaminosa; mas, pela graça de Deus, em Cristo,  nascemos de novo  pela ação do Espírito Santo de Deus. E isto para uma vida de Santidade em Cristo Jesus.
            E, por último, aqui Paulo nos ensina que Cristo nos foi dado para a nossa redenção; uma redenção passada, presente e futura. Sim, Cristo é o nosso tudo, fomos redimidos, salvos, e libertados em Cristo Jesus.
            No verso 31 somos inseridos no propósito pelo qual Deus nos deu tudo em Cristo: para que não achemos que tudo o que somos hoje deve-se ao  nosso mérito pessoal.
            Nós não temos nada por causa de nosso esforço, mas simplesmente por causa da vontade de Deus. Não temos uma casa porque o governo nos deu; não temos um emprego porque um amigo nos conseguiu, não, pelo contrário temos tudo isso por causa da bondosa vontade de Deus.
            E assim, em vez de nos gloriarmos em nós mesmos e nos nossos esforços venhamos a nos gloriar em Deus somente! Amém!



domingo, 10 de maio de 2015

1ª Coríntios 1.10-17 - A IGREJA DE DEUS – LIDANDO COM A DIVISÃO

Série de Exposições Bíblicas:
Livro Estudado: 1ª Coríntios
Texto: 1ª Coríntios 1.10-17.
Tema: A IGREJA DE DEUS – LIDANDO COM A DIVISÃO
Expositor: Rev. João Ricardo Ferreira de França.
1ª Coríntios 1.10-17
10 Rogo-vos, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que faleis todos a mesma coisa e que não haja entre vós divisões; antes, sejais inteiramente unidos, na mesma disposição mental e no mesmo parecer. 11 Pois a vosso respeito, meus irmãos, fui informado, pelos da casa de Cloe, de que há contendas entre vós. 12 Refiro-me ao fato de cada um de vós dizer: Eu sou de Paulo, e eu, de Apolo, e eu, de Cefas, e eu, de Cristo. 13 Acaso, Cristo está dividido? Foi Paulo crucificado em favor de vós ou fostes, porventura, batizados em nome de Paulo? 14 Dou graças a Deus porque a nenhum de vós batizei, exceto Crispo e Gaio; 15 para que ninguém diga que fostes batizados em meu nome. 16 Batizei também a casa de Estéfanas; além destes, não me lembro se batizei algum outro. 17 Porque não me enviou Cristo para batizar, mas para pregar o evangelho; não com sabedoria de palavra, para que se não anule a cruz de Cristo.
Introdução:
Agora  Paulo diz que é informado de divisão dentro daquela igreja que ele acabara de agradecer em oração; essa era uma preocupação do coração pastoral de Paulo.
I – EXORTAÇÃO A FAVOR DA UNIDADE (vs.10)
Versículo 10: A primeira palavra do apóstolo é “Parakalw/” - parakalô - o termo é empregado para significar exortação; chamar ao lado de forma particular para repreender, ou para encorajar, aqui o apóstolo exorta os irmãos por meio do nome de Cristo que todos falem a mesma linguagem, tenha a mesma palavra e que uma vez isso estabelecido não deve haver divisões entre eles.
Isto implica que a igreja deveria manifestar a unidade em duas áreas importantes à vida cristã:
(1) Na Palavra: a unidade deve ser manifestada também no discurso que a igreja tem “λέγητε” [falar];
(2) No mesmo pensar: Esta unidade deve ser também intensificada na maneira de pensar da própria igreja; o apóstolo usa a palavra “mente” aqui no texto “νοῒ
A palavra divisão que aparece aqui no texto  “sci,smata” - schimata - é usada para descrever divisões planejadas [esquema]. Antes a atitude da igreja deveria ser a de uma comunidade unida, sem facções, sem divisões. “sejais inteiramente unidos” - kathrtisme,noi– aqui a ideia é de perfeitos, apenas os crentes podem ser considerados um povo perfeito diante de Deus, porque o vínculo disso chama-se unidade no mesmo pensamento e no mesmo parecer.

II – O PORQUÊ DA EXORTAÇÃO À UNIDADE (vs 11)

            Por que Paulo começa este trecho exortando à Igreja a viver em unidade? Qual o motivo que Paulo se interessa por este tema precisamente aqui? E a resposta está no Versículo 11: O santo apóstolo usa a  palavra “pois” esta conjução conclusiva nos informa algo que Paulo tomou por conhecimento. Ele diz que foi informado; a palavra grega usada aqui [“evdhlw,qh”-edêlôthe ] significa “tornar claro”, “fazer conhecido”  Ou seja, Paulo ficou foi prontamente informado de perigo da divisão que a havia dentro da igreja de Corinto.  Aqui se menciona a  “casa de Cloe”. Nada sabemos desta personagem que figura aqui na carta de Paulo aos coríntios. Mas, uma coisa nós temos Plena certeza de que ela conhecia a Paulo e avisou ao apóstolo a respeito das constantes divisões naquela igreja.
            Então, a exortação inicial a respeito da unidade Cristo estava vinculada a uma informação que o apóstolo recebera de alguém que provavelmente frequentava a Igreja e que não estava satisfeita com a divisão constante no seio da igreja; e por isso, recorreu ao apóstolo fundador desta igreja para viabilizar uma solução.

III – A NATUREZA DAS DIVISÕES: (vs.11-17)

1) As divisões tinham caráter partidarista: (Versículo 11-12: )
11 Pois a vosso respeito, meus irmãos, fui informado, pelos da casa de Cloe, de que há contendas entre vós. 12 Refiro-me ao fato de cada um de vós dizer: Eu sou de Paulo, e eu, de Apolo, e eu, de Cefas, e eu, de Cristo.

A natureza das divisões são bem específicas, promovidas pelo orgulho, pelo senso de superioridade e de partidarismo corrente e crescente entre os crentes. E como era feito este partidarismo? O partidarismo se instala na vida da Igreja quando criamos ídolos. Havia aqueles que diziam ser obedientes a um único apóstolo, e assim, se negavam a seguir o ensino de outro apóstolo. Então, a igreja primitiva viveu uma grande marca de divisão: eu de Paulo, eu de Apolo , eu de Pedro e por fim, o grupo de Cristo.
 Destes grupos o pior era o do Cristo, porque este não se submetia a autoridade eclesiástica alguma. Ou seja, em sua espiritualidade aflorada achavam que o melhor era ouvir o que Jesus tinha a dizer e a ensinar ; e rejeitavam os ensinos apostólicos. Paulo lembra que é exatamente esta atitude que manifesta as divisões dentro da igreja.

2 . Eram divisões que não consideravam a obra redentora de Cristo.
. 13 Acaso, Cristo está dividido? Foi Paulo crucificado em favor de vós ou fostes, porventura, batizados em nome de Paulo? 14 Dou graças a Deus porque a nenhum de vós batizei, exceto Crispo e Gaio; 15 para que ninguém diga que fostes batizados em meu nome. 16 Batizei também a casa de Estéfanas; além destes, não me lembro se batizei algum outro. 17 Porque não me enviou Cristo para batizar, mas para pregar o evangelho; não com sabedoria de palavra, para que se não anule a cruz de Cristo.

Versos 13-17: O apóstolo continua sua tônica a respeito das divisões dentro da igreja de Cristo. Ao perceber a onde de partidarismo dentro da Igreja estava levando os crentes. Então, Paulo faz uma pergunta retórica: “Acaso, está cristo dividido?...”
 O verbo dividir aqui “Meme,ristai”(memeristai) está em um tempo verbal que indica algo completo: Cristo já foi dividido?  Aqui a questão de Paulo claramente intenciona uma resposta negativa; ou seja, Cristo não é a base para haver divisões na igreja.
 Na sequencia do texto  o apóstolo  fala em termos redentivos, questionando se ele foi rasgado ou crucificado em favor daqueles crentes.  Paulo mostra que ele não é redentor do povo da igreja, mas que é apenas um porta-voz , um proclamador.
Ninguém foi batizado em nome de nenhum líder espiritual, pois, isto deturparia o propósito deste sacramento. Paulo parece dirigir-se a um grupo especifico dentro da igreja “Dou graças a Deus porque a nenhum de vós batizei, ”(Vs 14) -  O apóstolo agradecia a Deus exatamente porque não havia batizado muita gente naquela cidade. 
Apenas três nomes figuram sobre o sacramento realizado pelo apóstolo: Crispo, Gaio e Estéfanas (Vs.14-16)Por que tudo isso? Porque Paulo quer deixa bem claro para aqueles crentes que o alvo dele, a finalidade dele é edificar o reino por meio da pregação da palavra (VS.17) esta é a vocação do pastor: pregar a Palavra. Que promove unidade. Paulo aqui quer ser mais específico ele diz que o alvo do ministério dele é a pregação da palavra.  E, assim nos mostra que a cruz de  Cristo é o objetivo divino para as nossas vidas.

Aplicação:
1. Devemos promover a unidade em nossa igreja  Local: Como podemos fazer isso? Aconselhando-nos mutuamente a falar a mesma linguagem, perseguir o mesmo ensino, e ter o mesmo pensamento. A verdadeira unidade está nesta duas coisas importantes: Comunhão de palavras e de Pensamentos.
2 – Quando vemos a divisão tomando conta da vida da igreja devemos ter coragem para buscar ajuda para resolver o problema: Foi exatamente isso que uma família em peso da Igreja fez; eles não podiam por si só promover e estabelecer a concórdia entre os irmãos, então, recorreram ao apóstolo para que ele ficasse ciente do problema e apresentasse uma solução. Nós precisamos ter a mesma coragem caso isso ocorra na igreja de Cristo Jesus.

3 – Devemos acabar com os ídolos de nosso coração: O que promove em muitos casos a desunião na igreja é a nossa atitude idolatra! Nos simpatizamos com alguém, criamos o nossos grupos, chegamos a endeusar pessoas, títulos, posições, e até cobiçamos tais coisas para nós, a custo da verdade e da unidade. Precisamos vigiar o nosso coração, precisamos tratar dele, pois diz a palavra de Deus que é corrupto e corruptor de nossa existência. Lutemos para que a idolatria não aferre de nós, e nos torne presas fáceis à divisão.